A pandemia valorizou habilidades como iniciativa e autogerenciamento.
Se o teletrabalho veio de fato para ficar e qual é o impacto dessa forma de trabalho na vida dos profissionais é cedo para dizer. A maior adesão ao home office, no entanto, deixou evidente algumas competências que serão valorizadas daqui para a frente.
Ganham destaque profissionais com mais iniciativa, criativos na gestão e no uso do tempo, que sabem se adaptar e ser flexíveis com as demandas e que se planejam sem depender diretamente de uma ordem do gestor.
Essa é a avaliação de Fernando Mantovani, diretor-geral da consultoria Robert Half.
"A pandemia deixou mais latente a valorização de um maior número de competências comportamentais dos profissionais, para além das técnicas que eles precisam ter para serem mais relevantes em suas áreas e carreira", disse Mantovani, em entrevista à editora Stela Campos, na live da série 'Carreira em Destaque'.
Deixou latente também, avalia o executivo, a demanda por líderes que confiem em seus funcionários sem a necessidade de supervisionar um trabalho para entender que ele está sendo feito. "Foi muito gritante o fato de que aquela liderança baseada na coação e medo, no líder que sufoca o funcionário de mensagens para supervisionar, não é só antiquada. Ela não funciona a distância".
Um dos principais legados da pandemia na gestão corporativa, diz o executivo, é a percepção mais generalizada de que é possível trabalhar de casa da mesma maneira que se trabalha no escritório, "o que reduz aquela insegurança que líderes e empresas tinham sobre as pessoas estarem longe, em casa".
O que é preciso olhar mais agora, segundo Mantovani, considerando que um modelo de trabalho híbrido deve permanecer, são os impactos do trabalho remoto na cultura, em treinamento, nas relações de trabalho, no aprendizado e na produtividade. "Nas nossas pesquisas, as pessoas são categóricas: menos de 10% dos profissionais desejar voltar a trabalhar apenas no escritório".
Com relação às contratações e setores em alta, Mantovani afirma que a consultoria viu a demanda das empresas voltar a partir de maio, crescer nos últimos meses e, neste momento, recuperar os níveis de contratação vistos no começo do ano.
Entre as áreas com demanda alta estão o agronegócio e todas as posições ligadas a tecnologia.
"Desenvolvedor hoje dificilmente fica sem emprego", diz Mantovani. Há também demanda por arquitetos de segurança e outras posições ligadas à cibersegurança, transformação digital e desenvolvimento de e-commerce.
Dona de um Guia Salarial em vários setores do mercado brasileiro, a Robert Half diz que visualiza uma estabilidade na faixa salarial média das profissões - algo que deve se manter, segundo Mantovani, no próximo ano.
Fonte: Valor Econômico.
Artigo por: Bárbara Bigarelli.
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