As fraudes não são privilégios somente de nossa época ou de nossa sociedade atual.
São tristes fatos que vêm se perpetuando pela história do homem e de suas civilizações.

A contabilidade atualmente é um instrumento fundamental para auxiliar a administração moderna.
As fraudes provocam, além das altas perdas financeiras, outras consequências
1. No âmbito do ambiente de trabalho
2. No âmbito da direção geral da empresa
3. No âmbito externo
Fraude é uma ação premeditada para lesar alguém.
O Erro é uma ação involuntária, sem o intuito de causar dano.
Pode-se afirmar então que a diferença básica entre o erro e a fraude, é que o primeiro é involuntário, espontâneo não intencional e o segundo é intencional, realizado com má-fé, visando como fim, o benefício próprio ou de terceiros.
MODALIDADES DE FRAUDES
Para Attie (1992, p. 215-216), a fraude assume múltiplas modalidades.
Das diversas classificações históricas de fraudes, podemos dividi-las em:
a) Não encobertas.
b) Encobertas temporariamente
c) Encobertas permanentemente
Rasmussen (1988, p. 14) explica que "os roubos e fraudes sempre começam em quantidade pequena e aumentam sucessivamente com a confiança do delinqüente, pois não existem sistemas de controles internos, auditoria e naturalmente uma justiça severa que puna estes atos".
Existem situações que impulsionam o fraudador.
O que leva uma pessoa de bem, a se tornar um fraudador?
Partindo do princípio que o fraudador tenha sido no passado uma pessoa de bem, mas às vezes o sujeito tem problemas desde de nascença…
Na realidade o que provoca a fraude são oportunidades, facilidades e desvios de conduta.
O conceito de fraude e de ética dependente do lugar e do ambiente em que vivemos.
A percepção de fraude pelo dono do tráfico de drogas, provavelmente é diferente da nossa: a percepção está relacionada ao ambiente dele, de onde ele vive.
Uma das coisas importantes quando se trata de fraudes, é o ambiente de controle, e a apreciação desse ambiente.
É muito raro uma fraude envolver apenas uma pessoa: geralmente existe a figura do colaborador – o agente passivo que vê a ocorrência, mas finge que não está vendo, diz que não quer nem saber e não quer se meter no assunto ; ou os agentes ativos, os operacionais, mentores intelectuais que são pessoas que executam o serviço.
Sempre um desses estará presente, ou ambos.
Para Mortimer Dittenhofer, existem 3 (três) razões básicas, que motivam as pessoas a cometer a fraude. Os elementos que na verdade podem influenciar se a fraude vai ser ou não cometida, seriam os seguintes (apud TCE BA, 1995, p. 71-72):
1º- Pressões de uma situação.
2º- A oportunidade para cometer a fraude
2.1 Controles internos falhos.
2.2 Apatia gerencial.
2.3 Incidentes prévios.
2.4 Um indivíduo que está ocupando uma posição de confiança.
3º- A integridade pessoal.
Este elemento se relaciona ao código pessoal daquele indivíduo, um código de conduta, incluindo a ética, honestidade, moralidade e outros pontos que geram integridade.
Também se leva em consideração à consciência, que é uma mistura de atitudes morais básicas, além de um sentido de apreensão relativo a ser pego, e o medo das sanções e punições que podem ocorrer a essa pessoa, se for pega no ato.
A pesquisa sobre fraudes nas empresas, feita pela KPMG Brasil (2000, p. 12), em março de 2000, em que foram consultadas cerca de mil empresas, revelou o seguinte em relação ao autor da fraude:
Funcionários…………………………………………..55%
Prestadores de Serviços…………………………..18%
Fornecedores…………………………………………..13%
Clientes…………………………………………………….9%
Outros………………………………………………………5%
Áreas SENSÍVEIS / Incidência de Sinistros em %
Compra / Fornecedores = 28,00 %
Administração de Materiais e Recepção / Estoques = 20,00 %
Movimento em Caixa e Bancos = 17,90 %
Contas a Receber e a Pagar = 14,50 %
Folha de Pagamentos = 7,10 %
Vendas/ Estoques de Produtos Acabados/ Distribuição = 6,80 %
Despesas de Viagem e de Representação = 5,20 %
Total de Sinistros = 100,00 %
(*) Fonte: Rasmussen & Associados – Auditores Independentes
INDÍCIOS E AMBIENTES FAVORÁVEIS A FRAUDE
Os ambientes também são facilitadores de fraudes e, nesse caso, contribui a ausência de um código de ética ou de padrões éticos.
A carência ou a ausência de um código de ética acabam por facilitar a ocorrência de fraudes.
A convivência com procedimentos antiéticos é outro facilitador de fraudes.
INDÍCIOS E AMBIENTES FAVORÁVEIS A FRAUDE
Os ambientes também são facilitadores de fraudes e, nesse caso, contribui a ausência de um código de ética ou de padrões éticos.
A carência ou a ausência de um código de ética acabam por facilitar a ocorrência de fraudes.
A convivência com procedimentos antiéticos é outro facilitador de fraudes.
Tipos de Ambientes propícios a Fraude:
1. Um ambiente de pouco controle ou com controles desorganizados
2. A ausência de segregação adequada de funções
3. A alta rotatividade de funcionários também é um ambiente facilitador
4. Outro ponto a considerar são as evidências de desperdícios pela administração
5. A dificuldade de acesso a certos documentos é indício
6. Em relação a pendências repetitivas em conciliações
7. O mesmo acontece quando há falta de férias, excesso de horas extras
8. Quando vamos examinar determinado procedimento e vemos que os endereços são iguais – do fornecedor, da empresa, do agente
9. Outra situação é a reativação de contas inativas.
O Relatório da pesquisa 2000, sobre a fraude no Brasil, apresenta os seguintes dados acerca de como a fraude foi descoberta, em percentagem, por ordem decrescente (KPMG BRASIL, 2000, p. 11):
Controles internos: 32%
Auditoria interna: 20%
Informação de terceiros: 12%
Informação de funcionários: 12%
Investigação especial: 11%
Denúncia anônima: 7%
Coincidência: 3%
Outros: 2%
Auditoria externa: 1%
(KPMG BRASIL, 2000, p. 14-15):
AÇÕES EXECUTADAS APÓS A DESCOBERTA DA FRAUDE
Demissão voluntária: 77%
Investigação pela auditoria interna: 39%
Queixa criminal: 34%
Pedido de indenização: 13%
Outros: 9%
Acordo sigiloso: 8%
Auditoria independente: 6%
Comunicação à seguradora: 4%
PLANOS PARA DIMINUIÇÃO DA POSSIBILIDADE DE FRAUDE
Melhoria dos controles internos: 93 %
Sensibilização gerencial: 38 %
Investigações especiais: 32%
Elaboração de um manual de conduta profissional: 31%
Treinamento de pessoal: 31%
Aumento do orçamento da auditoria interna: 24% ( grifo nosso )
Rodízio de pessoal: 23%
O CONTADOR EM RELAÇÃO AS FRAUDES
A grande maioria dos profissionais da Contabilidade Geral, por exemplo, são formados obviamente em contabilidade, mas garanto que muitos deles durante o curso – seja de técnico em contabilidade, seja de bacharel em Ciências Contábeis – só ouviu falar daquilo que eu chamo de "contabilidade do bem".
Os professores de contabilidade não tratam das práticas contábeis inadequadas.
O contador deve planejar o seu trabalho de forma a detectar fraudes e erros, que impliquem efeitos relevantes na demonstração.
Surge então a pergunta: como o profissional vai planejar um trabalho para detectar fraude, se não sabe como a fraude ocorre? Que tipo de fraude existe? Como se monta uma estrutura criminosa?
O contador, em princípio, não é responsável pela gestão, pelas operações da empresa:
É responsável pela evidenciação dessas operações da forma mais transparente possível, porem sua especialização a cada dia se faz necessário pois o simples fato de não saber, o que é de sua alçada, não escusa sua responsabilidade.
O Contabilista deve se atualizar mais, ter conhecimentos de Direito, Administração, Sociologia, Psicologia, Informática, etc., futuramente será aberta uma nova janela na Contabilidade, que será o Contador Investigador de Fraudes
METODOLOGIA DE APURAÇÃO
As fraudes podem ser descobertas por meio de provas diretas ou provas indiretas.
Também em relação a Fraude, existem duas categorias que os profissionais de contabilidade podem verificar em uma demonstração contábil.
A primeira é a corrupção,
A outra é a apropriação indébita.
FLUXO DE TRABALHO DA AUDITORIA INTERNA.
1. MEDIDAS DE ACOMPANHAMENTO E REDUÇÃO DE FRAUDES
1.1 Bons controles internos
1.2 Organização da auditoria interna
1.3 Autonomia para agir
1.4 Estrutura de uma auditoria interna
1.5 Planejamento da auditoria interna
1.6 Execução da auditoria interna
1.7 Opiniões da auditoria interna
1.8 Pareceres
2 PREVENÇAO DE FRAUDE FISCAL
2.1 Fraudes contra a ordem tributária
2.2 Planejamento tributário
2.3 Escrita e declaração errada
2.4 Suprimentos ao caixa
2.5 Exigível fictício
2.6 Imobilizado convertido em gasto
2.7 Recibos frios
2.8 Omissão de registros
2.9 Brindes, Bonificações e Doações
2.10 Estoques em valores irreais
2.11 Vendas a sócios
3 PREVENÇÃO DE FRAUDES DE RECEBIMENTOS E PAGAMENTOS EM DINHEIRO
3.1 Retiradas de dinheiro e vales no fundo fixo de caixa
3.2 Controle de Cheques (frios)
3.3 Vendas a dinheiro transformadas em faturas
3.4 Caixa dois e suprimentos de caixa
3.5 Empregados fantasmas
3.6 Compras de emergência
3.8 Guias fiscais duplicadas
3.9 Receita não operacional desviada
3.10 Reforço de caixa
3.11 Desvios em comissões sobre vendas
4 PREVENÇÃO DE FRAUDES EM ESTOQUES
4.1 Notas Fiscais de operações não verídicas
4.2 Transferência de Mercadorias entre Filiais
4.3 Internação de Notas Fiscais a Zona Franca de Manaus
4.4 Redução em valor de estoques
4.5 Aumento em valor de estoques
4.6 Estoque desviado
4.7 Manobra em inventário
4.8 Falsidade em faturamento
4.9 Fraudes tangendo a qualidade de estoques
4.10 Preços de transferência e omissões em custos de estoques
5 PREVENÇÃO DE FRAUDES EM CRÉDITOS OPERACIONAIS
5.1 As Bases documentais do crédito a receber
5.2 Manipulação com os saldos das contas de clientes
5.3 Fraude quanto à localização de devedores
5.4 Contratos de Desconto Promocional falsos, e recibos de pagamento
5.5 Falsificação de duplicata, Código de Barra e Borderax de Pagamento
5.6 Supostas devoluções e duplicatas recebidas
5.7 Procedimentos confusos e burocráticos
5.8 Multas sobre atrasos de pagamentos
6 PREVENÇÃO DE FRAUDES NO ATIVO PERMANENTE
6.1 Investimentos fictícios
6.2 Desvio de custos
6.3 Redução de valor e venda
6.4 Reavaliações fraudulentas
6.5 Amortização de Gastos Iniciais indevidos
6.6 Imobilizado obsoleto
6.7 Aplicações de ativo fixo como gastos
6.8 Bem usado
7 PREVENÇÃO DE FRAUDES NAS EXIGIBILIDADES
7.1 Passivo Fictício
7.2 Omissão de Passivos Tributários, Trabalhistas e Fiscais (Icms, Prodec, IMETRO, etc.)
7.3 Duplo registro
7.4 Empréstimos entre associadas
7.5 Lançamento parcial de dívida
7.6 Liquidação fictícia
7.7 Omissões de ajustes
7.9 Câmbio nos prazos e taxas aplicadas no Fechamento
8 PREVENÇÃO DE FRAUDES NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
8.1 Valor irreal de integralização
8.2 Patrimônio inflado
8.4 Falsas reservas
8.5 Reservas ocultas
CONCLUSÃO
As fraudes, atualmente, assumem inúmeras e de diversas formas, modalidades e características dentro e fora das organizações.
Elas se tornaram complexas e sofisticadas, acompanhando o progresso tecnológico.
Não perdoam ninguém, atacando quaisquer tipos de entidades.
Nenhuma empresa pode afirmar que está imune à sua ação.
Somente no Brasil, apesar da dificuldade em pesquisas sobre a matéria, representam anualmente em média por empresa, perdas da ordem:
Fraudes e Erros na área Financeira/Comercial 3%
Fraude e Erro na área de Administração de Estoques 5%
Fraudes e Erro em outras áreas 1%
Fraudes e Erros Média Nacional 9 %
R$ 7.884.000.000,00 por ano.
Com acréscimos de Tributação para as Empresas da ordem de 5% do Faturamento ao ano
O que devemos fazer, é combater a todo custo essas práticas.
Primeiramente criando mecanismos eficientes de controle, e punindo com rigor os fraudadores, porque quanto mais se investe em meio de coibição, mais se arquitetam formas mirabolantes de Fraudar.
E como ficou provado não é a Auditoria Externa que identifica estas Prática, e sim os Controles Internos (Controladoria).
Bem como, muitas das vezes na busca incessante pela melhoria da produtividade e dos lucros das empresas, os abnegados empresários não percebem que a resposta pode estar dentro do seu próprio negócio.
Obrigado.
OBS: Durante a sua leitura (10 Minutos), foram desviados em torno de R$ 150.000,00 de empresas Brasileiras.
Artigo por: Moisés Soares dos Santos.

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